e a composição de um espaço a partir de Penetráveis [Projeto Cães de Caça] do Oiticica; do Poema Enterrado do Gullar e o Teatro Integral de Reinaldo Jardim.
PROJETO CÃES DE CAÇA
Leia a texto do Helio, digitalizado, no site do Itau Cultural
POEMA ENTERRADO
“Para melhor entendermos o que se passou na arte Neoconcreta, é necessário nos voltarmos para o trabalho dos poetas, que não se limitaram às composições ‘verbivocovisuais’ do grupo paulista, mas enveredaram por outros caminhos, que valorizavam mais o livro do que a página como o veículo do poema.
Em função disso nasceu o livro-poema, criado por mim, em 1959, que teve influência decisiva no desdobramento de todo o movimento, ao introduzir a participação do espectador (no caso, o leitor) na obra de arte, um traço particular da arte neoconcreta.
Poemas-objeto de Ferreira Gullar
Este é um ponto que tem escapado à apreciação da crítica, pelo fato mesmo de que o livro-poema teve escassa divulgação e raramente foi mostrado ao público. Mas, se para pensar, nada mais lógico do que aquela participação tenha nascido do livro, que é, por si, manuseá- los. Do livro-poema, passei aos poemas espaciais – poemas-objeto construídos em madeira – que obrigavam o espectador a manuseável para descobrir a palavra oculta sob o cubo ou sob placas. Como consequência, inventei o Poema Enterrado, que consistia numa sala construída no subsolo, a que se tinha acesso por uma escada; dentro da sala-poema havia cubos ocultos uns dentro de outros, com apenas uma palavra que o manuseio dos cubos revelava. Esse poema foi construído na casa de Hélio Oiticica, que se tomou de entusiasmo por ele, vendo-o como um passo adiante nas experiências neoconcretas: passava-se da participação manual à participação corporal, já que, o ‘leitor’ era induzido a penetrar no poema. Dele veio o estímulo que levou Lygia e Hélio a experiências futuras como os ‘objetos relacionais’ e os labirintos do projeto ‘cães de caça’”
Trecho de “Da Construção à Desconstrução” por Ferreira Gullar
TEATRO INTEGRAL
O Teatro integral seria como uma fusão de teatro e cinema:
Não é um ‘teatro’ no sentido comum que se dá ao mesmo, pois só pode ser visto por uma pessoa de cada vez [...] À volta, num painel de vidro, passa-se a ‘cena’, que seria constituída de dispositivos eletrônicos e ‘peças’ em que não só a palavra, como a luz, a cor, o som e mesmo aromas constituiriam os seus elementos fundamentais. A cena começa após ter sido acionada pelo próprio espectador. Evidentemente as ‘peças’ mudariam, não seriam sempre as mesmas, pois vários artistas e escritores já se propuseram a escrever ‘peças cenas’ para esse novo desenvolvimento do teatro
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