O Trabalho das Passagens



O despertar como um processo gradual que se impõe na vida do indivíduo como na das gerações. O sono é seu estágio primário. A experiência de juventude de uma geração tem muito em comum com a experiência do sonho. Sua forma (Gestalt) histórica é a forma do sonho. Cada época tem este lado voltado para os sonhos, que é seu lado infantil. Para o século passado, ele aparece muito nitidamente nas passagens. Mas enquanto a educação das gerações anteriores interpretou para elas esses sonhos segundo a tradição e a instrução religiosa, a educação atual conduz simplesmente à distração das crianças. Proust só pôde surgir como um fenômeno sem igual numa geração que havia perdido todos os recursos corporais e naturais de rememoração e que, mais  pobre do que as anteriores, havia sido abandonada a si mesma, só podendo, por isso, se apoderar dos mundos infantis de maneira isolada, dispersa e patológica. O que é oferecido aqui a seguir é  um ensaio para a técnica do despertar. Uma tentativa de compreender (innewerden) a guinada dialética, copernicana, da rememoração



Walter Benjamin



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