Consumo Cultural?

Um novo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, exclusivo para a Gazeta do Povo, aponta aumento nos indicadores de consumo cultural dos paranaenses em 2012, em relação a 2011.
Entre os dias 11 e 15 de dezembro último, 1.640 habitantes do estado responderam se haviam lido um livro e ido ao cinema, teatro, show de música popular, concerto de música erudita, museu e circo ao longo do ano.
Ofertas do poder público também explicam índices
Eventos de grande porte oferecidos pelo poder público, como a Virada Cultural (realizada em quatro cidades do interior além de Curitiba em 2012), também seriam fatores responsáveis pelo aumento no consumo de cultura no Paraná – em especial no interior.
“As viagens da Orquestra Sinfônica do Paraná e de outros grupos menores obviamente aproximam o público e levam consigo um capital simbólico que a iniciativa privada não tem”, diz Ulisses Galetto.
De acordo com a direto­ra-geral da Secretaria de Estado da Cultura, Valéria Marques Teixeira, a oferta de concertos e exposições no interior é uma das prioridades da atual gestão. “Desde o início tínhamos o desejo de descentralizar a cultura e levá-la para cidades do interior, que são muito pobres nessas ofertas”, diz. “É um público que não tem acesso. Se você leva um show de música gratuito, ou com preço simbólico, as pessoas vão.”
O ator e produtor cultural Marino Galvão Jr., por outro lado, questiona o comportamento do consumidor paranaense quanto se trata de gastar com cultura. “Na Virada Cultural, o público que frequentou nossas salas [do Teatro Lala Schneider] não era carente. Era um público que não era frequentador, mas que tem certo nível social e educacional. Se tivesse que pagar, não iria”, diz Galvão, que aponta o estímulo ao consumo de cultura nas escolas como uma das medidas necessárias para consolidar a demanda.
Interatividade
Você frequentou mais atrações culturais em 2012? Em caso afirmativo, qual foi o estímulo para isso?
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Com exceção dos shows de música popular, que tiveram uma pequena queda, todas as áreas registraram aumento no consumo.
Para o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, os números ainda são baixos, embora revelem uma vida cultural ativa no estado. “O lazer entrou nas prioridades da população”, disse, em entrevista por telefone. “A tendência é que aumente. Ainda há muito para crescer.”
Crescimento econômico
De acordo com Julio Suzuki, diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o aumento no consumo é consequência do crescimento da renda das famílias brasileiras.
“Apesar de o desempenho econômico do Brasil ter sido abaixo do esperado, o emprego e, consequentemente, a renda familiar, avançaram nos últimos anos”, explica Suzuki, por telefone. “Em regra geral, quanto mais elevado o patamar de renda, maior a proporção dos gastos com cultura.”
Os paranaenses também estariam tendo mais opções à disposição, de acordo com o músico, produtor cultural e historiador Ulisses Galetto. “Os bens culturais produzidos muito mais pelos produtores independentes do que pelo poder público aumentam a oferta. Junto com o aumento do poder aquisitivo, fatalmente caminhamos para uma melhoria de todos esses níveis”, diz Galetto, que é doutorando em História pela UFPR.
Educação
Embora o Brasil ainda possua alguns dos piores indicadores sociais do mundo, a taxa crescente de alfabetização no país e no Paraná também interfere no consumo cultural. O nível de escolaridade acompanha o acesso da população a quase todas as áreas citadas no levantamento.
Algumas das diferenças mais brutais surgem nos índices de leitura: 61% dos que têm apenas o ensino fundamental não leram um livro sequer em 2012. O índice cai para 27% para aqueles com ensino superior. Foram ao cinema apenas 12% dos entrevistados com ensino fundamental, e 55% dos que têm ensino superior.
Os fatores também estão relacionados com a renda, de acordo com Suzuki. “Uma família com rendimento mais elevado tende a ter um gasto maior também com educação. Consequentemente, essa pessoa que tem nível de escolaridade mais elevado tende a consumir mais produtos culturais.”
  

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