Humor em favor da inclusão


Matéria do Jornal Gazeta do Povo, publicada 09.11.2012


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           Histórias em quadrinhos com cenas do cotidiano, personagens da vida real e frases de efeito (“Minha vida é um livro aberto com algumas páginas em braile”) foram as maneiras encontradas por três amigos de Curitiba para retratar sua condição física e derrubar a falsa imagem que alguns têm a respeito das pessoas com deficiência. Por meio das tirinhas “Super Normais”, divulgadas na internet, Mirella Prosdócimo e Rafael Bonfim, que são cadeirantes, e Manoel Negraes, deficiente visual, contam os desafios enfrentados no cotidiano – como o cavalete do candidato instalado no meio da calçada e a dificuldade de usar um orelhão –, e incentivam a inclusão, o respeito e a aproximação com a sociedade.
          “A sociedade nos vê ou como super-heróis ou como coitadinhos. As pessoas têm de nos ver como pessoas normais”, conta Mirella, que tem 38 anos e atua como consultora para a inclusão. Nessa busca, ela e os amigos, que se conhecem há dois anos, resolveram retratar a realidade a partir do humor e de desenhos que poderiam ser usados em palestras e publicados na internet. O trabalho começou há dois meses, depois que eles conheceram o trabalho do cartunista Rafael Camargo, que não tem nenhuma deficiência e ficou responsável pela produção das tirinhas.
           O grupo defende que a deficiência ainda é um tabu a ser quebrado e que precisa ser vista de maneira mais natural e discutida com maior profundidade. “Quero que a cadeira de rodas seja vista com a mesma naturalidade com que as pessoas olham para os óculos que uso por causa da miopia”, conta Bonfim.
          Uma das metas é continuar a publicação na internet e conquistar um espaço fixo em um veículo de comunicação. O quarteto também luta para que Curitiba se torne uma cidade mais acessível às pessoas com deficiência. Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 464.595 pessoas possuem algum tipo de deficiência na capital paranaense.
           Outro objetivo dos “Super Normais” é mostrar a deficiência como uma condição que pode afetar qualquer pessoa. “As tiras abordam respeito e mostram que a deficiência pode ser de várias formas”, conta o cartunista Camargo, que finalizou uma das tiras com a palavra “ainda” no lugar que seria destinado ao “fim”, após mostrar um personagem que nunca havia andado de cadeira de rodas.




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