Filme Bellini e o Demônio
Após assistir Bellini e o Demônio sem conhecer a obra de Tony Belloto e nem mesmo ter visto Bellini e a Esfinge, senti necessidade de saber mais sobre essa narrativa, e qual não foi miha supresa em me deparar com opiniões similares as minhas com relação a
construção e montagem do filme. Ao final você tem uma sacada de alguns aspectos que cercavam toda a narrativa, até mesmo retoma a sensação que tive ao assitir Clube da Luta, entretanto ele foi muito melhor construído e seus recortes de cena e ritmo frenético nos levavam a compreensão do filme, algo que não ocorre em Bellini e o Demônio, como coloca Eduardo Valente: "Talvez o uso que o filme faz de uma dinâmica confusa da montagem pudesse ser justificado pela relação que seu personagem tem com o mundo neste momento de sua vida (algo bastante explicitado no desfecho). No entanto, isso nunca deixará de ser apenas um conceito que, na prática (ou seja, nos fade outs para preto ao final de várias sequências ou o uso das batidas na música como se para criar algum tipo de reação no espectador que a imagem não consegue por si), é falido, muito mais que confuso. De fato, convém falar de Bellini e o Demônio no que há de menor, de pequeno mesmo nos seus equívocos, porque eles são muito menos da ordem de grandes conceitos e muito mais de cada cena se sabotando, principalmente pelo uso de uma iluminação e dinâmica de quadro que não nos dá clima em nenhum momento do filme"¹.
E como esta há inúmeras criticas tecidas ao filme sobre sua montagem, sempre comparando com o Bellini e a Esfinge, destacando que o clima noir do filme de Roberto Santucci era esperado na montagem do filme de Marcelo Galvão, algo que se ve apenas nas primeiras cenas e que se deixa vencer por recortes como dos filmes de suspense norte-americanos e ainda trazendo a opinião de Eduardo Valente que diz:
O que pode fazer a força de um filme de detetive, com forte inspiração (desde os livros originais) nas matrizes principalmente americanas do gênero? Uma narrativa instigante seria uma opção; personagens engajantes (de preferência misteriosos) seria outra; um clima na construção das cenas, através de espaços que nos habitassem seria ainda uma outra. Entre todos estes pólos, Bellini e o Demônio derrapa desastradamente sem conseguir nunca se apoiar em qualquer dos pés, parecendo não ter a menor idéia do que realmente deseja para além de emular uma linguagem pretensamente moderna (leia-se os cortes constantes dentro da cena, de enquadramento para enquadramento sem qualquer critério visual de construção de espaço ou tempo, com uma câmera que balança ou fecha e abre zooms por falta de algo melhor para fazer).¹
E ai qual não foi a minha surpresa ao pesquisar sobre o Marcelo e sua relação com o filme e descobrir, numa entrevista dele em 2010, para o site Terra em que o diretor não está nem ai para a estréia do filme no cinema, mas espera sim seu lançamento em DVD, pois que apenas neste deverá haver a versão que ele quis contar. Marcelo declara, "Fiquei sabendo que o filme estava pronto no Festival de Los Angeles, quando Fábio Assunção ganhou o prêmio de Melhor Ator...tudo o que eu imaginei, o que eu escrevi, na forma como foi montado não transmite aquilo que eu queria expressar... são visões diferentes e ele é o dono do filme, então faz o que quiser".
Agora gostaria muito de encontrar o DVD do filme e verificar se lá está a versão do diretor, seria muito bom poder ve-la. Alguém possui este DVD?
FONTES:
¹ Cinética: Cinema e Crítica
² Terra: Cinema
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