Os pais que dizem não entender nada de
educação, e que delegam total poder ao professor e a escola, são os mesmos que
por um período de no mínimo oito anos permaneceram em salas de aula (na grande
maioria), que deixaram esta experiência no passado e muito pouco se importam
com “o que” e “de que forma” se está ensinando seus filhos; a grande maioria se
limita apenas matricular seus filhos e enviá-los diariamente a esta
instituição, sentido-se completamente satisfeitos com o papel que tem cumprido.
É fato que como professora também
penso em como é inconveniente, na maioria dos casos, ter pais batendo à sua
porta querendo saber cada passo que você dará, o porquê de cada um e qual seu
embasamento teórico; mas ao mesmo tempo toda essa situação reflete um problema
maior: o abismo que há entre o que se ensina na escola e a vida, nossa prática
diária, a falta de criticidade por parte de todos aqueles que estão a frente da
educação, daqueles que dela usufruem e os que a mantêm, vê-se uma parca relação
entre o todo e as partes.
A educação é uma ferramenta da sociedade,
(que deveria ser) utilizada a fim de transmitir às próximas gerações, àqueles
que chegam ao mundo, o saber construído, os fatos históricos que marcaram e/ou
marcam a nossa história e deixa-los cientes da dinâmica na qual estão se
inserindo e como podem ser ativos dentro de tal, mas este seu objetivo tem sido
deixado em segundo plano, tudo se resume a uma instrumentalização dos seres
para passarem em processos seletivos, fazerem faculdades, cursos técnicos e
estarem aptos a entrarem no mercado de trabalho, com o mínimo de criticidade e
o máximo de eficiência profissional.
Esta é a problemática que tal fato (o
de termos poucos pais a porta, e um desinteresse grande da sociedade com a
educação) nos leva a analisar e, como educadores críticos, querermos mudar. Quando
se trata de buscar autonomia em nossas ações e maior valorização profissional,
não se pode utilizar tais anceios como formas de isolamento e “endeusamento” da
classe, querendo impor a toda sociedade nossas ambições educacionais e deixá-los
quietos do outro lado apenas observando, mas é chamá-los para junto, para
refletir a educação, seus objetivos, sua finalidade e corrigirmos as falhas.
Há que se instaurar uma nova visão na
educação, abrindo espaço para que todos façam parte, revertendo o quadro de desinteresse
da sociedade e de pouca atuação dos professores com relação a elaboração
curricular e as metodologias a serem utilizadas, mas também não se pode buscar apoio
da sociedade apenas na luta, mas que tal parceria seja constante, em prol do
beneficio comum.
Raquel Zanini
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