A relação de Gibelina e Alberto Burri




Gibellina foi uma das doze povoações que ficaram completamente destruidas pelo sismo de 15 de janeiro de 1968 na zona do vale do rio Belice, que atravessa de norte a sul o extremo oeste de Sicília. Situada entre Segesta e Selinunte, esta povoação contava na altura do sismo com cerca de 6mil habitan­tes, após este apenas o cemitério ficou de pé; 1150 pessoas morreram e na região contaram-se cerca 98mil desalojados.

Anos mais tarde o artista italiano Alberto Burri realizou o "Grande Cretto", uma espécie de memorial construido em cimento branco, no preciso local onde existira o centro da localidade destruida.

Esta composição que se propõe como “abstracta, monocromática, privada totalmente de referencias externas, permanece opaca a qualquer universo alheio ao dos seus própios processos”. Surge como negação de si própria, retendo em si a sua própria existência. Tal como o branco, com a "sua palidez de morte", deriva da junção de todas as cores do espectro de cores, fornecendo aos nossos olhos a "luz da ausência", esta obra não absorve nada e por isso mesmo aparece-nos como clareza máxima.

De uma presença desconcertante esta reorganização da matéria como manifestação radical tem uma autonomía visual, matérica e temporal. Uma imutabilidade territorial que a tornam numa espécie de autorreferencial da paisagem, da memória, a “sua finalidade esgota-se em si mesma”. Um brutalismo que pedrifica o sofrimento da destruição.

VI NO Arkitectos

Foto retirada do sitio www.archidose.org/Apr00/041700.html
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