Feitiço

Meu copo se esqueceu do meu ‘eu’, de tudo aquilo que estava formando, me entreguei a maldição, à maldição da co-dependencia, à maldição de Eva, da mulher que vive para seu marido, desenvolvi o Complexo de Amélia, estou infectada, enfeitiçada, fui transformada pelas palavras do mundo, dos outros, por pura fraqueza (condescendência)!

O amor nasce puro e se desenvolve cercado por maldições, placas de alerta tolas, que arrancam de forma voraz toda sua pureza,

e no fim o que resta é a carcaça do amor...

... o desejo de amar, a necessidade de amar à pessoa, a nostalgia dos primeiros tempos, aquele sentimento enraizado de que este amor não pode terminar, em paralelo a uma realidade triste!

Quando dois separam-se por um abismo,

quando dois não são mais um,

quando tudo são trevas e a solidão se instala entre ambos...

Esta é a realidade que a palavra em nossa sociedade gera aos casais... uma realidade em que nunca haverá fidelidade, felicidade...

Inexiste a facilidade, as facetas, a fascinação.

não pode ser fausto, fenomenal, fidedigno, flamejante, fantástico... filantrópico...

Onde não se vê que o amor é fervoroso, festivo... um fetiche... somente se vê sua fealdade!

São todos relacionamentos de fachada, falhos, falos, falsários, faltos, fantasiosos, fantasmagóricos e facínoras... figurados.

... falcatruas!

Sempre fadados ao fracasso, à fadiga... são feitiços!

Ferino! Ferrado! Forjado!

No início é febril... depois é só fecundo... uma flâmula.

... aos seus olhos é como se fosse uma fagocitose...

Uma fezinha!

Espaço onde ambos são Faquir... vivendo em um féretro.

o sexo é um fogo-fátuo!

O corpo é um feudo... o amor um fiapo, fiasco

onde só há o farfalhar do amor, das balas de seu faroeste constante.

Do faz-de-conta... nasce a fobia.

Ambos são farsantes, estão fartos, fastios, flácidos!

Desgraça fatorial,

Tendendo à um final fatal, fatídico.

Somente a feitiçaria o pode reverter!?

Ou o findar?